WEB 2.0 E O CASO DA BIBLIOTECA FLORESTAN FERNANDES
Aline Lima Gonçalves1, Maria Imaculada da Conceição2, Sonia Marisa
Luchetti3
1Bibliotecária, Biblioteca Florestan Fernandes, FFLCH-USP, São Paulo, SP
2Bibliotecária, Faculdade de Saúde Pública, FSP-USP, São Paulo, SP
3Bibliotecária e diretora da Biblioteca Florestan Fernandes, FFLCH-USP, São Paulo, SP
RESUMO
Este trabalho visa mostrar as experiências que a Biblioteca Florestan Fernandes (FFLCH
USP) vem desenvolvendo no cenário da Web 2.0. Trata-se de um relato sobre a experiência
que a biblioteca tem feito quanto ao uso de quatro ferramentas: Wikipédia, Twitter, Blog e
Flickr. O Blog recebe dezenas de visitas diárias, com destaque para as dos EUA e Portugal.
O Twitter possui cerca de 785 seguidores, grande parte deles ativos, que participam
replicando e comentando os tweets da biblioteca. Wikipédia e Flickr consolidaram-se como
um mecanismo de divulgação e memória institucional. As aplicações Web 2.0 mostraram-se
interessantes para criar um vínculo menos formal com o usuário, abrindo a ele a chance de
participar da comunicação. Também são alternativas para divulgação de serviços e
produtos.
Palavras-chave: Web 2.0; Biblioteca 2.0; Wikipédia; Blog; Twitter; Flickr.
ABSTRACT
This work aims to show the experiences that Florestan Fernandes Library (FFLCH USP) has
made in the Web 2.0 context. It's a work describing the experience of this library in the use of
four tools: Wikipedia, Twitter, Blog and Flicker. The library's Blog gets tens of daily visits,
mainly from United States and Portugal. The library's account on Twitter has about 737
followers, a big part of them very active, replying and writing comments about the tweets
made by the library. Wikipedia and Flickr established themselves as mechanisms of
dissemination, and as a way to preserve the institutional memory. The Web 2.0 applications
were interesting to create a less formal link with the users, giving them the chance to
participate of the communication process. They are also alternatives to product and services
dissemination.
Keywords: Web 2.0; Library 2.0; Wikipédia; Blog; Twitter; Flickr.

1 Introdução
Os recursos de Web 2.0 constituem espaços virtuais de fácil atualização,
interatividade, proximidade, visibilidade, aprendizagem, atualização profissional,
fidelização e inovação. No âmbito de atuação das bibliotecas, a Web 2.0 funciona
como mais um meio de contato com o usuário e uma forma de compartilhar o
cotidiano institucional, divulgando de modo ágil e simples as novidades e atividades
que são desenvolvidas pelas bibliotecas e outros serviços e produtos.
No ano de 2009, a Biblioteca Florestan Fernandes também começou a
integrar esse universo. Sendo parte da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo (SBD/FFLCH/USP) e do Sistema Integrado
de Biliotecas da USP (SIBi/USP), a Biblioteca tem como missão promover o acesso
e incentivar o uso e a geração da informação, contribuindo para a qualidade do
ensino, pesquisa e extensão, na Área de Humanidades. Concentrando uma
diversificada coleção de obras, a Biblioteca Florestan Fernandes possui o maior
acervo da USP (são 881.812 itens no total), destacando-se no cenário nacional
como um centro de informação especializado nas áreas de Humanidades e Ciências
Sociais. Nesse contexto, marcado também por um grande número de usuários
diretos e indiretos, trabalhar novas maneiras para compartilhar ideias passou a ser
uma das metas da Biblioteca para melhorar o processo de fluxo de informação.
Assim, como parte do planejamento estratégico para 2009 e em sua política
de divulgação de serviços, a Biblioteca Florestan Fernandes iniciou em agosto do
mesmo ano atividades utilizando recursos da Web 2.0 como plataforma de
comunicação: Blog, Twitter e sua primeira Página Wiki na Wikipédia. Em março de
2010, uma galeria no site de fotos Flickr começou a ser montada, como forma de
preservar as fotos da Biblioteca e, ao mesmo tempo, mostrar sua evolução ao longo
dos anos. Esses recursos possuem interfaces mais colaborativas e participativas,
cujo ambiente de interação engloba inúmeras linguagens e motivações.
O projeto para o desenvolvimento de ferramentas Web 2.0, vinculadas ao site
da Biblioteca, foi coordenado pelo Serviço de Apoio Técnico e Administrativo, tendo

um bibliotecário como desenvolvedor das ferramentas. Este trabalho visa mostrar as
experiências que a Biblioteca Florestan Fernandes vem conduzindo nesse aspecto,
a partir da apresentação de algumas ferramentas Web 2.0 de que o serviço tem feito
uso desde o ano de 2009, a saber: Wikipédia, Blog, Twitter e Flickr.
2 Revisão de Literatura
O termo “Web 2.0”, criado por Tim O'Reilly no ano de 2004, é, conforme
palavras do autor, a mudança para uma Internet como plataforma. Entre outras
características importantes, a regra é desenvolver aplicativos que aproveitem os
efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas,
de forma a aproveitar a inteligência coletiva. (O'REILLY, 2006). Corresponde a uma
concepção de Internet caracterizada por um espaço mais interativo, no qual os
usuários podem modificar conteúdos e criar ambientes hipertextuais (BLATTMANN;
SILVA, 2007). Nesse universo, aplicativos e conteúdos sofrem uma mudança
substancial, com o crescimento de plataformas como Blogs e Wikis, modelos de
aplicações que se destacam pela facilidade de uso e, principalmente, pela liberdade
de edição colaborativa entre usuários. Concomitantemente, o desenvolvimento de
softwares livres, o uso de tags (etiquetas) criadas pelos próprios leitores como forma
de organização de informação e a participação crescente das pessoas na criação de
conteúdos formam o âmbito da Web como plataforma.
Como as bibliotecas podem atuar diante desse cenário? Observando os
elementos básicos de uma “Biblioteca 2.0”, conforme Maness (2007), pode-se dizer
que: temos um modelo mais centrado no usuário; que explora uma experiência
multimídia; que é socialmente rico; e que é comunitariamente inovador. Assim, a
Web 2.0 no contexto das bibliotecas pode servir para explorar formas de
comunicação mais dinâmicas e participativas, além de ampliar as possibilidades
para divulgação institucional e de serviços.
No livro La Biblioteca en la Web 2.0, Mari-Carmen Marcos (2009) nos
apresenta uma biblioteca que se caracterizará por permitir que a comunicação

também seja do usuário para outros usuários, recomendando livros e recursos,
descrevendo e compartilhando informações. A filosofia 2.0 é a oportunidade de ouro
para a biblioteca estar mais próxima de seus usuários, de conhecer o que
necessitam e o que lhes interessa e, assim, oferecer seus serviços da forma que
melhor se adapte a eles.
Segundo a autora, há mais de um sentido para o uso que a biblioteca pode
fazer das aplicações 2.0. Um diz respeito ao uso que a biblioteca faz para
compartilhar seus materiais, como fotos no Flickr, vídeos no YouTube, favoritos no
Delicious, publicar notícias breves da biblioteca no Twiter, ou ainda, criar
relacionamentos nas redes sociais. Outro uso é a “Biblioteca 2.0” como um lugar em
que os usuários participam e geram conteúdos dentro de Blogs que admitem
comentários e que permitem a sindicalização RSS1. Esses Blogs podem estar
direcionados a publicação de notícias sobre a instituição (sobre uma universidade à
qual a biblioteca pertença, por exemplo), notícias sobre a própria biblioteca, notícias
sobre tecnologias aplicadas a educação, sobre novas aquisições, álbum de fotos da
biblioteca, colocadas pela equipe da biblioteca e pelos usuários (MARCOS, 2009).
Para Abram (2006), a beleza da “Web 2.0” e da “Biblioteca 2.0” é o nível de
integração e interoperabilidade que é projetado para a interface através de seu portal
ou intranet. É aí que reside o real poder para melhorar a experiência do usuário.
Portanto, o “Bibliotecário 2.0” é o guru da era da informação, porque ele esforça-se
para entender o poder e as oportunidades da “Web 2.0”, conectando pessoas e
informação, além de compreender a necessidade de seus usuários em um nível
mais profundo. O Bibliotecário 2.0 está onde e quando o usuário precisa.
Compartilhando com Maness a visão de que o uso da tecnologia 2.0 é a
mudança centrada no usuário, Casey e Savastinuk (2006) dizem que esse foco é o
coração da “Biblioteca 2.0”, onde o usuário é convidado ter uma maior colaboração e
participação na criação de serviços que eles querem (físicos ou virtuais). Esse
1 Really Simple Syndication, um conjunto de elementos em XML (eXtendable Markup Language) que podem
ser lidos por programas agregadores de conteúdo; recurso muito usado por Blogs e sites cujo conteúdo é
modificado regularmente.

modelo também tenta alcançar novos usuários e atender melhor os atuais. As
tecnologias da Web 2.0 têm desempenhado um papel significativo em nossa
capacidade de acompanhar a evolução das necessidades dos usuários da
biblioteca. Referência virtual, interfaces personalizadas em catálogos ou meios de
comunicação que os usuários da biblioteca podem usar no conforto de seus próprios
lares, são alguns exemplos. O aumento de tecnologias disponíveis dá às bibliotecas
a capacidade de oferecer melhorias, ou novas oportunidades de serviços aos
clientes.
3 Materiais e Métodos
Para atingir o objetivo geral do projeto foram elaborados planos de trabalho,
um para cada ferramenta escolhida (Wikipédia, Blog, Twitter e Flickr).
3.1 Wikipédia
O primeiro plano foi para a construção de uma página Wiki com o histórico da
biblioteca, imagens e dados estatísticos relevantes, tendo como objetivo central a
divulgação de serviços e também a memória institucional. Para compor o conteúdo
inicial da página foram coletadas informações, fotos e históricos da biblioteca, obtidos
principalmente em folders e relatórios fornecidos pela Diretoria e Serviços da Biblioteca.
Com o material em mãos, foi possível estabelecer as seções da página e o que
faria parte de cada uma delas: história; organização e funcionamento; acervo; como usar
a biblioteca; serviços oferecidos; e a biblioteca em números, item composto por
informações estatísticas atualizadas anualmente. Para garantir a manutenção e
atualização da página foi elaborado um procedimento operacional. A redação do
conteúdo seguiu os padrões de formatação e estilo determinados pela Wikipédia, que
orienta sobre escolha do título, parágrafo introdutório, seções, e imagens. O produto final
pode ser visto no endereço http://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_Florestan_Fernandes
(anexo, figura 1).
3.2 Blog e Twitter

O segundo plano foi para a construção de um Blog que atuasse como um
meio de comunicação mais efetivo entre a biblioteca e seus usuários. A primeira
ação do plano foi pesquisar modelos adequados de sistemas de gerenciamento de
conteúdo para o desenvolvimento de Blogs institucionais. Ao final, optou-se pelos
dois que seriam testados: Blogger e Wordpress, ambos gratuitos e utilizados
também por outras bibliotecas.
Em princípio, foi determinado o conteúdo inicial para a fase de testes e elaborado
um questionário para avaliar as características de cada um, atribuindo-se notas de acordo
com os seguintes aspectos: simplicidade de uso, criação de páginas adicionais, controles
estatísticos e validação W3C, entre outros. O melhor avaliado foi o Wordpress, a partir do
qual a Biblioteca passou a dispor do endereço http://bibliofflch.wordpress.com (anexo,
figura 2).
Após a escolha do sistema de gerenciamento de conteúdo, mas ainda em
fase de testes, foram definidos: estrutura, cor, política de atualização e formas de
validação de comentários. Por fim, redigido e postado o conteúdo inicial com acesso
restrito aos convidados.
Para a seleção de conteúdo, optou-se por uma visão abrangente quanto aos
assuntos para os quais a Biblioteca está voltada: língua e literatura, filosofia, ciências
sociais, história e geografia, em especial fontes alternativas de informação. No
entanto, o Blog abrange também outros conteúdos, como tecnologia de informação,
divulgação de eventos importantes para a comunidade da USP e informes da própria
biblioteca. Definidos esses detalhes, o Blog tornou-se público a partir de agosto de
2009, aberto a visitantes de todo o mundo.
Já a escolha do microblog Twitter (http://twitter.com/bibliofflch) aconteceu
concomitantemente ao desenvolvimento do Blog (anexo, figura 3), mas não houve um
período de avaliação tal como aconteceu com este, já que o Twitter é o mais
conhecido e usado entre os serviços de microblogs. Em termos práticos, a opção
pelo Twitter aconteceu devido a dois fatores: o fato de seu uso estar em expansão,
inclusive entre usuários brasileiros, o que permitiria à biblioteca alcançar um público

ainda maior, e também o fato de existirem informações de caráter efêmero, como
eventos, lançamentos de livros e cursos, que constituem interesse à comunidade,
mas que dispensariam o processo de escrita de um texto mais longo. Além disso, o
Twitter apresenta recursos interessantes para “repostagem” ou retweet, uma forma
de replicar informações entre usuários, auxiliando na divulgação rápida do conteúdo
postado.
Assim, Blog e Twitter podem ser encarados como duas ferramentas que se
complementam na difusão da informação.
3.3 Flickr
A página da Biblioteca no Flickr (http://www.flickr.com/photos/bibliofflch/) foi o
último dos recursos Web 2.0 a ser trabalhado pela biblioteca, e, na verdade, ainda
está em fase de desenvolvimento, já que mais fotos estão sendo inseridas na página
(anexo, figura 4). No entanto, já existem alguns planos de trabalho definidos.
Inicialmente, foi feita uma seleção de fotos sobre a Biblioteca, enfatizando os
seguintes aspectos: espaço físico interno, sinalização, equipamentos, eventos,
cursos e seminários já apresentados na Biblioteca, exposições e imagens de caráter
histórico, que pudessem representar as diferentes etapas pelas quais a Biblioteca
passou até chegar ao que ela é hoje (lembrando que a Biblioteca Florestan
Fernandes é consequência da união de quatro bibliotecas que antes compunham o
acervo da FFLCH: a Biblioteca de Letras, a de Filosofia e Ciências Sociais, a de
Geografia e a de História). Num segundo momento, foram definidos os álbuns que
constituem a página no Flickr, as fotos fariam parte de cada um deles, a descrição
geral de cada foto e as suas respectivas tags, usadas como palavras-chave para
recuperação.
3.4 Validação e divulgação
Cada ferramenta teve a liberação de uma primeira versão para a equipe da
biblioteca. Nesta etapa foram feitas as alterações e adequações que a equipe julgou

necessárias, validando o conteúdo final. Esse período variou entre duas a três
semanas, tempo considerado suficiente para observações e eventuais modificações.
A última etapa do projeto foi a divulgação das ferramentas, em primeiro lugar para
a equipe da Biblioteca, por meio de comunicado interno; em seguida, foi feita a
divulgação para os docentes da FFLCH. A divulgação para as demais bibliotecas da USP
deu-se por meio da Diretoria Técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas, sendo
realizada posteriormente a inclusão no Boletim Interação, uma publicação
periódica online coordenada pelo SIBi/USP e cujo objetivo é a divulgação de
diferentes
iniciativas
por
parte
das
bibliotecas
da
USP
(http://www.sibi.usp.br/sibi/boletim_inter/vol_14_num_8_9/vol_14_num_8_9.htm).
4 Resultados Parciais/Finais
Um dos pontos de destaque é a maior visibilidade e alcance conquistados
pela Biblioteca a partir do uso da Web 2.0. Um exemplo disso pode ser demonstrado
na página da Biblioteca na Wikipédia.
Embora as páginas Wiki possam ser exploradas como uma ferramenta de
interatividade, já que podem ser modificadas por qualquer usuário, a página da
Biblioteca na Wikipédia consolidou-se mais como divulgação e memória institucional,
a fim de mostrar sua história, serviços e estatísticas de uma forma mais amigável ao
usuário. Assim, a página assume a função de ser um primeiro contato com aqueles
que não conhecem nada sobre a Biblioteca, além de ser uma porta de entrada para
outras ferramentas virtuais, como o site, o Blog, o Twitter e o Flickr.
O mesmo pode ser dito em relação ao Blog. De fato, desde o final de agosto
de 2009, mais de 14 mil pessoas já visitaram o Blog da Biblioteca Florestan
Fernandes, e esse número vem se expandindo continuamente. Há também um bom
número de visitas de fora da cidade de São Paulo, inclusive de outros estados e
países, com destaque para EUA e Portugal. O fato de haver visitas frequentes
desses locais pode apontar para a existência de um grupo de brasileiros atuando no
exterior ou ainda estudantes de português, já que o Blog é escrito

predominantemente nessa língua. Pelo Blog, também foi possível explorar algumas
ferramentas de interação com o público, como comentários, muitas vezes usados
como uma forma de comunicação com o serviço de referência, e enquetes sobre
serviços da biblioteca ou temas de interesse geral, com relativa participação dos
visitantes.
O uso do microblog Twitter trouxe mais visibilidade à biblioteca. Atualmente, o
endereço @bibliofflch já conta com 785 seguidores. O Twitter tem sido uma
ferramenta eficaz no que se refere à divulgação instantânea de notas em relação a
eventos na biblioteca e na universidade como um todo, notícias de interesse geral e
mesmo replicação de informações que constituam interesse para a comunidade da
FFLCH, por meio do recurso de retweet, bastante adotado pelos usuários para
comentar e replicar os tweets da Biblioteca.
Já a galeria de fotos no site Flickr, a exemplo da página na Wikipédia, também
funciona como um mecanismo de divulgação e memória institucional, mas é
igualmente uma forma de mostrar ao público os vários momentos pelos quais a
Biblioteca passou e a sua evolução ao longo da história da FFLCH e da própria USP.
O Flickr, pelo fato de possibilitar a descrição das fotos, a atribuição de tags,
alternativas para distribuição online e comentários, constitui uma forma interativa e
amigável de mostrar os espaços da Biblioteca, eventos e acontecimentos
importantes para a instituição.
5 Considerações Parciais/Finais
As aplicações Web 2.0 na Biblioteca Florestan Fernandes mostraram-se
interessantes para criar um vínculo menos formal com o usuário, abrindo a ele a
chance de participar da comunicação. São alternativas para divulgação de serviços e
de informações potencialmente relevantes para o público, funcionando como um
mecanismo dinâmico e de abrangência mais ampla em relação às ferramentas Web
tradicionais.
No contexto mais amplo da Biblioteca 2.0, há também a perspectiva de usar
outras ferramentas além das que foram exploradas pela Biblioteca Florestan

Fernandes. Um deles é o uso de páginas cooperativas no modelo Wiki como forma
de facilitar a comunicação interna e externa. Essas páginas poderiam ser utilizadas para
estimular usuários e funcionários a contribuir com a criação de conteúdos.
Da mesma forma, ferramentas como o Delicious (www.delicious.com) podem
ser usadas para divulgar uma seleção de sites interessantes ao contexto das
bibliotecas, permitindo que outros usuários compartilhem dessa informação. Sites
como o Slideshare (www.slideshare.com), que permitem a armazenagem de
arquivos em Powerpoint, também são oportunidades para compartilhar
apresentações de seminários, encontros, cursos e outros eventos potencialmente
interessantes para seus usuários. Além disso, esse tipo de site pode ser usado para
disponibilizar tutoriais quanto ao uso de recursos de informação, catálogos e bases
de dados, método que a Biblioteca Florestan Fernandes explorou no ano de 2009
para orientar sobre algumas bases de dados adquiridas pela própria Biblioteca por
meio do programa FAPLIVROS V.
Recursos multimídia como os garantidos pelo site Youtube (www.youtube.com), os
Podcasts e mesmo redes sociais como o Orkut (www.orkut.com) ou o Facebook
(www.facebook.com) podem funcionar como alternativas para divulgar informações
não estáticas e explorar sons e imagens de forma mais intensa. No que se refere às
redes sociais, a criação de comunidades, fóruns e enquetes também fazem parte
das ferramentas que oferecem uma oportunidade para ouvir o usuário e, ao mesmo
tempo, permitir que ele participe do processo de criação e difusão de informações.
Por outro lado, serviços como os de calendário (sites como o Google e o
Yahoo dispõem de calendários integrados às suas funcionalidades) são elementos
interessantes para serem usados principalmente num plano interno, entre os
membros da equipe de uma biblioteca. A flexibilidade desse recurso quanto à
criação de um calendário para descrever prazos e datas relacionados às atividades
da biblioteca e de seus membros o transforma numa agenda coletiva, usada para
melhorar os fluxos de trabalho e planejamento internos.
No entanto, é importante destacar que o uso de todos esses recursos demanda
uma política de atualização. Ao contrário de um site institucional, praticamente todos os

recursos da Web 2.0 possuem como característica a necessidade de atualização
constante, pelo fato de envolver um processo de comunicação mais dinâmico e interativo.
Essa necessidade, porém, demanda que os profissionais envolvidos planejem como as
atualizações devem ser feitas, periodicidade e quem deverá fazê-las. Além disso, exigirá
que esse profissional esteja a par não apenas dos temas que possam interessar aos
usuários, mas também quanto às tendências observadas em relação aos próprios
recursos explorados pela biblioteca. Num nível mais amplo, é importante que o
profissional saiba o que acontece ao seu redor, inclusive para identificar o surgimento de
outras ferramentas Web 2.0 potencialmente mais eficazes.
Enfim, o universo da Web 2.0 é bastante amplo, bem como suas possibilidades na
construção de um modelo de Biblioteca 2.0. Cabe às bibliotecas optarem pelos recursos
que mais se encaixem aos seus objetivos e às características de seus usuários.
5 Referências
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BLATTMANN, Ursula; SILVA, Fabiano C. C. Colaboração e interação na Web 2.0 e
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191-215, jul./dez. 2007.
CASSEY, Michael E., SAVASTINUK, Laura C. Library 2.0: service for the next-generation
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MANESS, Jack M. Teoria da biblioteca 2.0: Web 2.0 e suas implicações para as bibliotecas.
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MARCOS, Mari-Carmen. La biblioteca en la Web 2.0. Santiago: DuocUC, 2009. Disponível
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O'REILLY, Tim. Web 2.0 Compact Definition: Trying Again. Disponível em:
<http://radar.oreilly.com/2006/12/web-20-compact-definition-tryi.html>. Acesso em: 26
abr. 2010.

Anexo
Figura 1: Página da Biblioteca na Wikipédia
Figura 2: Blog da Biblioteca
Figura 3: Twitter da Biblioteca
Figura 4: Flickr da Biblioteca