AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
E RENDIMENTO DOS ALUNOS NO EXAME NACIONAL DE
DESEMPENHO DOS ESTUDANTES (ENADE): ESTUDO DE CASO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC)
Neiliane Alves Bezerra
1
, Wagner Bandeira Andriola
2
1 Bibliotecária da UFC. Aluna do Mestrado em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior
(POLEDUC/UFC).
2 Doutor em Filosofia e Ciências da Educação pela Universidad Complutense de Madrid (UCM);
Professor Adjunto do Departamento de Fundamentos da Educação da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Ceará (UFC); Coordenador de Avaliação Institucional da UFC; Coordenador
da Comissão Própria de Avaliação Institucional (CPA/UFC); Bolsista de Produtividade em Pesquisa
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
RESUMO
O objetivo geral desse estudo foi realizar um diagnóstico da qualidade das bibliotecas
universitárias e verificar sua associação com os resultados dos alunos no Exame Nacional
de Desempenho dos Estudantes (ENADE). A revisão da literatura da área abordou a
evolução das abordagens da avaliação da aprendizagem, as dimensões do conceito de
qualidade mais adequado ao contexto educacional. Apresenta o desenvolvimento dos
sistemas de avaliação já implantados no Brasil, contextualizando-os sempre a partir da
relação Estado-Educação-Sociedade. A pesquisa é do tipo exploratória e utilizou como
procedimento técnico para a coleta de dados o estudo de campo ex post-facto. A amostra
foi escolhida com base nos conceitos obtidos pelos cursos no ENADE. Os dados foram
coletados através de questionário e analisados através do software Statistical Package for
Social Sciences (SPSS), o qual forneceu o cálculo das medidas de localização média, moda
e mediana. A associação entre a qualidade da biblioteca universitária e os conceitos dos
cursos no ENADE ocorreu, sobretudo, em relação ao acervo quanto ao atendimento das
necessidades de informação e à suficiência do mobiliário. A avaliação gerou conhecimento
acerca da satisfação dos alunos em relação as várias dimensões da biblioteca universitária
e este fato tem relação com a qualidade da formação dos discentes, averiguada através do
ENADE. A pesquisa revelou que existem aspectos na infra-estrutura da biblioteca que
comprometem o desempeho satisfatório da oferta de serviços de informação à comunidade
acadêmica.
Palavras-Chave: Bibliotecas Universitárias – Brasil. Educação Superior – Brasil. Avaliação
Educacional – Brasil.
ABSTRACT
The general objective of this study was to conduct an assessment of quality of university
libraries and its association with student performance in the National Examination of Student
Performance (ENADE). The literature of the area addressed the evolution of approaches to
learning assessment, the dimensions of the concept of quality more appropriate to the

educational context. Presents the development of evaluation systems already in place in
Brazil, contextualizing them always from the relation State-Society-Education. The research
is exploratory and used as a technical procedure to collect the data field study ex post facto.
The sample was chosen on the basis of grades obtained by the courses in ENADE. Data
were collected through questionnaire and analyzed using the software Statistical Package for
Social Sciences (SPSS), which provided the calculation of measures of location average,
median and mode. The association between quality of university library and the concepts of
the courses in ENADE occurred mainly with the acquis regarding the fulfillment of information
needs and the adequacy of furniture. The evaluation has generated knowledge about the
students' satisfaction regarding the various dimensions of university library and this fact is
related to the quality of training of students, investigated by ENADE. The research revealed
that there are aspects in the infrastructure of the library that compromise performance
satisfactory supply of information services to the academic community.
Keywords: University Libraries – Brazil. Higher Education – Brazil. Educational Evaluation.
1 Introdução
Consolidar expansão sem perda da qualidade é um dos grandes desafios
enfrentados pelas instituições de educação superior no século XXI. A demanda
crescente por mais vagas nas universidades constitui um problema não só para os
países industrialmente desenvolvidos, mas principalmente para os países em
desenvolvimento ou pobres. Diante desse desafio, Estado e sociedade civil precisam
encontrar respostas para colocar a Universidade no circuito dinâmico das mudanças
e inovações contemporâneas.
Foi com essa pretensão que a Conferência da UNESCO de 1998, realizada
em Paris, elaborou uma nova visão e ação da educação superior, fundamentadas
em princípios e valores que façam prevalecer uma cultura de paz em cada contexto.
Pertinência, qualidade, cooperação internacional, gestão e finanças foram os
temas mais relevantes e que abrangem todas as questões colocadas pela educação
superior, abordadas pela Conferência Mundial. Neste contexto, é necessário
redefinir a responsabilidade do Estado para assegurar, por meio de políticas
públicas educacionais, a construção de sistemas educativos pautados no princípio
da educação como um direito fundamental.
A qualidade educativa vem assumindo relevância como um modo de
gerenciar não só as empresas do mercado, mas também as instituições educativas
mantidas com recursos públicos. Portanto, esse estudo está centrado na temática da
avaliação institucional, focando a qualidade das bibliotecas universitárias.
A gestão da qualidade em bibliotecas universitárias deve ser uma constante e
refletir sobre a pertinência de suas coleções e dos serviços que presta,

questionando o seu significado enquanto um dos espaços de apóio pedagógico às
atividades de ensino e pesquisa.
O Estado brasileiro, visando contribuir para o aprimoramento da qualidade da
educação superior, bem como do sistema educacional, conta com o Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), o qual na modalidade
Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), visa contribuir para a
permanente melhoria da qualidade do ensino oferecido.
O referido exame fornece dados úteis para orientar as ações pedagógicas e
administrativas nas Instituições de Ensino Superior (IES). Utilizar tais dados para
implementar novos processos avaliativos, é uma forma de assegurar o valor e o
sentido dos resultados apresentados pelo ENADE e consolidar a cultura de
avaliação. Diante disso, faz-se a seguinte pergunta: a qualidade da biblioteca
universitária tem associação com os conceitos dos cursos no ENADE?
Portanto, o objetivo geral dessa pesquisa é realizar um diagnóstico da
qualidade das bibliotecas universitárias e verificar sua associação com os resultados
dos alunos no (ENADE). Especificamente pretende-se: verificar o grau de satisfação
dos discentes em relação ao acervo, à adequação das instalações físicas destinadas
aos usuários, aos equipamentos de informática disponibilizados, ao mobiliário, ao
atendimento e ao horário de funcionamento da biblioteca.
2 A avaliação em educação
A avaliação na área da educação sofreu profundas transformações ao longo
da história e ainda continua sendo um tema que ocupa o centro dos debates das
instituições educativas. Conforme Escudero Escorza (2003), a avaliação educacional
evoluiu e o seu campo teórico-metodológico foi enriquecido com as contribuições de
clássicos pensadores como Tyler, Cronbach, Scriven, Stufflebean, Hamilton e
Parlett.
A avaliação da aprendizagem deve ser concebida como uma prática
pedagógica voltada para a busca de resultados satisfatórios. Nesse sentido Luckesi
(1998) defende a avaliação diagnóstica, assim como Saul (1995) fala em avaliação
emancipatória e Hoffman (2006) propõe a avaliação mediadora.
A emergência do novo paradigma científico, alicerçado na teoria da
relatividade e nos novos fatos ocorridos na física quântica, segundo Moraes (1997),

trouxe uma nova concepção de educação e a qualidade nessa área adquiriu uma
característica pluridimensional. Na perspectiva sistêmica, a avaliação do rendimento
dos discentes não fica restrita apenas à sala de aula e à verificação da
aprendizagem, mas se estende para todas as dimensões institucionais, bem como
para o sistema educacional como um todo, adquirindo centralidade política no
contexto da relação Estado-Educação-Sociedade.
Avaliação educacional e institucional são processos complementares e
suscitam reflexões sobre o cotidiano das instituições educativas, relacionando
formação e prática docente / rendimento escolar, colocando a instituição, o sistema
educativo, o professor e o aluno no centro do processo de avaliação (RAPOSO,
2000).
A avaliação está associada à busca de qualidade. Em virtude da
complexidade que envolve o processo educacional, a qualidade é um tema bastante
polêmico, marcado por posicionamentos político-ideológicos subjacentes às
concepções político-pedagógicas.
2.1 Qualidade em educação
A qualidade na gestão empresarial está voltada para satisfazer às
expectativas do cliente, o qual está situado entre a organização e o fornecimento de
um produto ou serviço. A qualidade é resumida em uma frase que condensa todos
os seus preceitos: “Foco em fazer o que é certo da forma correta, isto é, (Eficácia +
Eficiência = Produtividade)” (KARDEC, 2002, p. 52).
O modelo de gestão de empresas (Total Quality Management), segundo
Sguissardi (1997), invadiu a as organizações educacionais quando o neoliberalismo
ganhou força e floresceu a ideologia privatizante. Conforme Bertolin (2009), a
Qualidade Total encontrou um terreno fértil na educação quando os sistemas
educacionais em todo o mundo passaram a se defrontar com fatores hostis e
desafios, tais como, limitações financeiras, competição entre instituições,
massificação dos sistemas, desmotivação dos docentes, autonomia institucional.
A introdução dos termos eficácia e eficiência no contexto educacional
passaram a ser duramente criticados por estarem associados a uma visão
economicista da educação e remeter aos atributos de qualidade adequados ao

mundo empresarial, para estimular a competição, a produtividade e o lucro. (DIAS
SOBRINHO; RISTOFF, 2003).
Em oposição à visão mercadológica da educação, defende-se a educação
como um bem público. Do ponto de vista da OREALC/UNESCO (2007), o conceito
de qualidade em educação fundamenta-se no princípio da educação como um
direito humano fundamental, assume uma característica pluridimensional e engloba
cinco atributos relacionados entre si: equidade, relevância, pertinência, eficácia e
eficiência.
A concepção de qualidade na educação superior tem assumido no mundo
moderno uma pluralidade de visões as quais fizeram emergir uma proliferação de
termos tais como, competitividade econômica, crescimento de mercados,
desenvolvimento sociocultural, econômico e sustentável para caracterizar a
qualidade em Educação. Bertolin (2009, p.134) diz que “as diferentes tendências de
visão mais utilizadas em âmbito mundial são a economicista, a pluralista e visão da
equidade”.
Morosini (2009) agrupa essa variedade de conceitos de acordo com as
características e finalidades da educação. Para a citada autora, existem três tipos de
qualidade presentes nas políticas públicas educacionais, inclusive no contexto
brasileiro: a qualidade isomórfica, a qualidade da diversidade e a qualidade da
equidade. A qualidade isomórfica estabelece padrões sem considerar as condições
econômicas, sociais e culturais onde se encontra a instituição educativa, pois o
propósito do ensino universitário nessa visão é oferecer formação voltada para a
empregabilidade.
Por sua vez, a qualidade da especificidade não dita padrões e se encerra nas
tendências à diversidade, respeitando as especificidades locais para favorecer a
integração entre os países, visando uma aproximação cultural muito mais pelas
diferenças do que pelas similaridades.
Sob o ponto de vista da UNESCO, a equidade é um atributo inseparável da
qualidade. Nesse caso, a comunidade educativa é responsável pela aplicabilidade,
pelo êxito ou fracasso das políticas publicas educacionais na perspectiva da
equidade. A qualidade de um programa educacional, passa pela qualidade dos
objetivos e é amplamente condicionada pela qualidade dos métodos pedagógicos.
Considerando a característica pluridimensional da qualidade educativa é
pertinente questionar a qualidade da biblioteca universitária pública brasileira acerca

de seus componentes como, recursos humanos, acervo, infra-estrutura física e
tecnológica para um atendimento satisfatório das necessidades e expectativas de
serviços de informação demandados pela comunidade universitária.
Na denominada “civilização cognitiva”, em virtude da incorporação das
abordagens construtivistas às práticas pedagógicas de aprendizagem, as bibliotecas
precisam se converter em “Centros de Recursos de Aprendizagem” (CASTRO
FILHO, 2008). Nessa visão a UNESCO preconiza a modernização da infra-estrutura
dos estabelecimentos de ensino superior e destaca o novo sentido que deve assumir
a palavra “biblioteca”.
Uma biblioteca não é mais simplesmente um lugar onde se coletam,
catalogam e conservam permanentemente obras e outros impressos que
interessam ao ensino e à pesquisa. Ela é, cada vez mais, um centro
nervoso que assegura, entre os provedores e os usuários da informação,
interações que condicionam amplamente a aprendizagem, a pesquisa e o
ensino modernos. (UNESCO, 1999, p. 647).
2.2 A biblioteca universitária pública brasileira no contexto da qualidade
educativa
A literatura na área da Ciência da Informação tem revelado uma preocupação
crescente com a busca de metodologias e ferramentas adequadas à gestão da
qualidade em bibliotecas universitárias, visando auxiliá-las na superação da
utilização de práticas obsoletas e minimizar ou eliminar os obstáculos que as
impedem de atingirem seus objetivos e metas de qualidade.
O tema da qualidade em bibliotecas foi atualizado por Valls (2005). As teorias
e modelos de gestão são difundas nas bibliotecas universitárias como mecanismos
para melhorar o desempenho organizacional através da interligação entre as novas
tecnologias, a informação e o conhecimento, considerado atualmente o ativo
intangível mais valioso e poderoso que qualquer ativo físico ou financeiro.
Os diversos modelos de avaliação em bibliotecas universitárias alertam para a
construção de indicadores válidos e adequados à realidade de cada contexto
institucional para realizar uma gestão de qualidade dos produtos e serviços
oferecidos a sua clientela. Um dos estudos mais recentes e abrangentes sobre esse
tema se deve a Lubisco (2007) que desenvolveu um modelo de avaliação com
critérios, indicadores e padrões específicos, orientados especificamente para o
planejamento e a gestão da biblioteca universitária

A aplicação de indicadores de qualidade, segundo Carvalho (1981) não
significa empregar padrões ideais e rígidos para serem aplicados em todas as
bibliotecas indistintamente, porque o conceito de ideal vai depender dos objetivos e
recursos de cada instituição, portanto não podem ser generalizados. Indicadores
não servem unicamente para medir eficiência, mas realizar uma gestão de qualidade
e sim expressar valores e intenções que as IES devem consolidar, pois explicitam
elementos que, para além da presença, denotam condições, relações, interações,
aplicações e dinâmicas resultantes de um projeto de instituição e de formação que
asseguram a qualidade das práticas e atividades desenvolvidas (BRASIL, 2006).
No Brasil, com a aprovação da Lei n.9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) e a exigência dos processos avaliativos regulares juntos
às IES, intensificaram-se as pesquisas sobre a construção de indicadores de
qualidade para avaliar as bibliotecas universitárias. Segundo Lancaster (1996, p. 1),
“uma avaliação é feita não como um exercício intelectual, mas para reunir dados
úteis para atividades destinadas a solucionar problemas ou tomar decisões”.
Desde a década de 80, o Estado brasileiro vem tentando implantar
metodologias de avaliação como um processo contínuo para o aperfeiçoamento do
desempenho acadêmico. Dentre tais programas Gomes (2003) destaca o Programa
de Avaliação da Reforma Universitária (PARU), implantado em 1983.
Posteriormente, foi instituído o Programa Institucional de Avaliação das
Universidades Brasileiras (PAIUB) e em seguida entra em cena o Exame Nacional
de Cursos (ENC), tendo por objeto de estudo os cursos de graduação através da
verificação de desempenho dos alunos.
Atualmente, está em vigor o SINAES, operacionalizado com base em três
processos de avaliação: avaliação da instituição (interna e externa), avaliação do
desempenho dos estudantes (ENADE) e Avaliação dos Cursos de Graduação
(ACG). (BRASIL, 2006, p. 10).
Nesse contexto avaliativo, questiona-se o status da biblioteca enquanto uma
categoria de análise. Bibliotecas e Universidade necessitam alinhar missão,
objetivos e metas. Segundo Ramos (2002, p. 3), ao se considerar o caráter
sistêmico das instituições educacionais, “pode depreender-se que avaliar a
biblioteca, por princípio e tendo em vista sua natureza, deve constituir-se numa ação
totalmente inserida na avaliação institucional como um todo e na avaliação do
ensino, em particular”.

3 Materiais e métodos
Essa pesquisa é do tipo exploratória e utiliza como procedimento técnico para
a coleta de dados o estudo de campo ex post-facto. O universo da pesquisa foi
constituído pelos alunos da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, cujos
cursos foram submetidos ao Exame Nacional de Desempenho do Estudante
(ENADE), em 2008, (N=20). A amostra foi escolhida com base nos conceitos obtidos
pelos cursos no ENADE e constituídos em dois grupos:
a) Grupos de elevado desempenho: formados pelos cursos com conceito
ENADE 4 e 5. Nesse grupo foram selecionados 5 cursos, sendo 3 deles com
conceito 5 (Engenharia civil, Ciência da Computação e Engenharia de Pesca) e 2
com conceito 4 (Letras e Matemática).
b) Cursos com diminuto desempenho: formado pelos cursos com conceito
ENADE 1 e 2. Esse grupo incluiu 3 cursos, sendo 02 deles com conceito 1
(Engenharia de alimentos e história) e 01 com conceito 2 (Geografia).
Os dados foram coletados através de questionário, cujas dimensões
avaliadas foram: Acervo, instalações físicas, recursos humanos, equipamentos,
atendimento e horário de funcionamento. Os indicadores foram adaptados conforme
o estudo de Góis (2009). As bibliotecas selecionadas para a aplicação dos
questionários foram: Biblioteca do Centro de Humanidades, Centro de Tecnologia e
Biblioteca Setorial do Curso de Matemática. Foram aplicados 240 questionários,
sendo 30 questionários para um total de oito cursos selecionados.
Os dados foram analisados através do software Statistical Package for Social
Sciences (SPSS) o qual fornece o cálculo das medidas de localização média, moda
e mediana. Foram utilizados os conceitos: Excelente, Muito Bom, Bom, Regular e
Inadequado, codificados em 4, 3, 2, 1, 0 respectivamente.
4 Síntese dos resultados
Através de três indicadores: “Cortesia e educação”, “Demonstração de
interesse pelo usuário” e “Receptividade do servidor”, os servidores técnico
administrativos da biblioteca foram avaliados.
“Cortesia e educação” obteve o conceito Muito Bom, tanto dos cursos com
conceito ENADE 1 e 2 como para aqueles com conceito 4 e 5.

A “Demonstração de interesse” pelo Usuário, obteve maior frequência do Conceito
Muito Bom para os cursos com notas 4 e 5 no ENADE e Bom para os cursos com
notas 1 e 2.
Quanto à “Receptividade do servidor”, o conceito Excelente teve maior
frequência na opinião dos alunos dos cursos com notas 4 e 5 e Bom para os cursos
com notas 1 e 2.
Nas variáveis, “Horário de funcionamento” e “Atendimento”, os dois grupos de
cursos mostraram-se satisfeitos, prevalecendo maior freqüência para o conceito
Muito Bom.
O grau de satisfação em relação ao acervo foi avaliado quanto ao
atendimento das necessidades de informação, quantidade de exemplares
disponíveis e atualização.
O acervo, quanto à satisfação das necessidades de informação foi avaliado
com Bom e Regular para os cursos com conceito ENADE 1 e 2. Já os cursos com
notas 4 e 5 o avaliaram com o conceito Muito Bom e Bom.
A satisfação quanto à disponibilidade de exemplares de livros, foi avaliado
como Regular e Inadequado pelos dois grupos de cursos. O grau de satisfação em
relação à atualização do acervo obteve maior frequência do conceito regular por
todos os cursos que responderam ao questionário.
O grau de satisfação quanto os equipamentos de informática, também obteve
maior freqüência do conceito Regular e Inadequado. Houve maior frequência do
conceito Bom para a adequação do mobiliário. Quanto à suficiência do mobiliário,
prevaleceu o conceito Regular na opinião dos cursos com conceito ENADE 1 e 2.
A satisfação dos discentes em relação aos aspectos da infra-estrutura física
(Acústica, climatização, formas de acesso, iIuminação, limpeza, sala de estudo em
grupo e individual, segurança) foram avaliado como Bom.
O desempenho da biblioteca questiona o seu significado como instrumento de
apoio pedagógico. Ao se referir a biblioteca no contexto da avaliação institucional,
Dias Sobrinho (2008, p. 198), argumenta:
é muito pouco importante simplesmente contabilizar o número de títulos e
volumes, como se isso fosse avaliação plena de uma biblioteca sem por em
questão os significados desse espaço como lugar de formação, sem refletir
sobre os significados do acervo relativamente ao ensino, à aprendizagem,
aos processos de socialização e de vivência cultural, a uma filosofia
educativa coerente com o avanço do conhecimento e com o
desenvolvimento social, etc.

5 Considerações parciais
Um dos objetivos do ENADE é colher dados referentes à percepção dos
estudantes sobre a IES e assim, contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento
de uma avaliação e de uma gestão institucional na perspectiva da qualidade
educativa.
No momento, pode-se afirmar que a presente avaliação gerou
conhecimento acerca da satisfação dos alunos em relação às várias dimensões do
Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Ceará. Este fato tem relação
com a qualidade da formação dos discentes, averiguada através do ENADE. Os
resultados da pesquisa revelaram a importância do espaço bibliotecário para a
formação discente.
Conhecer como os alunos/usuários percebem o subsistema biblioteca é
fundamental para orientar o planejamento e realizar uma gestão de qualidade dos
serviços ofertados à comunidade acadêmica.
As bibliotecas universitárias públicas brasileiras não podem ficar à margem
dos programas de expansão. Dentre estes programas podemos citar como exemplo
o Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais (Reuni), que tem como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência
do discente na universidade. A infra-estrutura para a oferta de serviços de
informação deve contribuir para a consecução de ações e metas e,
consequentemente, o sucesso do referido programa.
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